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Agenda Juventude Brasil: O que os jovens andam pensando e querendo?

A Secretaria Nacional de Juventude (que faz parte da Secretaria-Geral da Presidência da República) fez um estudo chamado Agenda Juventude Brasil: Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros. Esse trabalho foi publicado pela primeira vez em agosto de 2013, mas passou por uma revisão em dezembro do ano passado e, por isso mesmo, viemos aqui hoje para compartilhar com todo mundo esses novos cruzamentos de dados, percepções e opiniões dos jovens que participaram dele.

Inclusive, um artigo da Secretária Nacional de Juventude, a Severine Macedo, falando sobre esse assunto foi publicado na edição desse mês (fevereiro de 2014) no Le Monde Diplomatique Brasil. O Le Monde é uma publicação mensal que faz um trabalho mais reflexivo e fala sobre relações internacionais, economia, política, cultura e por aí vai. É com base nesse texto que escrevemos esse post e vamos te mostrar uma parte dos resultados que ajudam a entender um pouco mais essa parcela da população.

Pra começar, é bom a gente falar de novo sobre uma questão que já citamos aqui no Blog que é a população jovem que o Brasil tem hoje em dia. Ela é a maior em toda a história do país e conta com 48,85 milhões de pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Ou seja, mais ou menos 25% da população total. Só isso já seria motivo suficiente pra vários estudos, já que é praticamente impossível não dar importância para um grupo que, sem dúvida, vai guiar o futuro do país com o seu comportamento, necessidades e ideias.

Como se não bastasse isso, as manifestações que começaram em junho de 2013 e levaram milhares e milhares de jovens para as ruas deixaram claro como era urgente desenvolver quantos estudos fossem necessários para tentar entender melhor quem são essas pessoas, que geração é essa que está construindo sua personalidade e sua própria história ao mesmo tempo em que quer reconstruir o Brasil de acordo com o que entende que é melhor para eles, que é melhor pra todo mundo.

Bom, então bora lá? Daqui pra baixo você vai ver alguns resultados que chamaram atenção nesse trabalho. Mas como é muita coisa e são muitos detalhes, depois de terminar de ler esse post você pode conferir a pesquisa na íntegra clicando aqui.

IDENTIDADE RACIAL

60% dos entrevistados disseram que são de cor preta (15%) ou parda (45%), 34% de cor branca e 6% amarelo/indígena. Dessa vez, o número de jovens que afirmam ser negros é quase o dobro do que o IBGE registrou no Censo 2010 (7,9%).

NOVAS TECNOLOGIAS

Computador e internet são usados por 75% dos jovens e 89% deles tem celular. Para ficar sabendo o que acontece no Brasil e no mundo, 83% usa a televisão aberta, 56% a internet, 23% os jornais impressos, 21% as rádios comerciais e 17% a TV paga. Ou seja, a TV aberta é o meio de informação mais acessado por 91% dos jovens de baixa renda e a internet fica em primeiro lugar entre os mais ricos (73%).

ESCOLARIDADE

Mesmo que esses números ainda estejam longe do ideal, os jovens desta geração tem uma relação muito maior e mais forte com a escola do que as que vieram antes dela: 59% chegou ao Ensino Médio, enquanto apenas 25% de seus pais chegaram a este nível de escolaridade. Numa pesquisa realizada em 2003, só 6% dos jovens de 15 a 24 anos tinham Ensino Superior e hoje em dia são 10%. Já dos 25 aos 29 anos, 19% dos jovens chegaram à faculdade.

Além disso, quase 90% dos jovens disseram que gostam ou gostavam de estudar. Desse total, 66% falaram que gostariam de estudar até o Ensino Superior ou mais e só 9% dos jovens entrevistados disseram que não queriam estudar mais.

POSSIBILIDADE DE ESTUDAR

Quando perguntaram para os jovens o que há de mais positivo no Brasil, 63% disse o seguinte: “as possibilidades de estudar”. Na sequência, aparecem a “liberdade de expressão” (55%), a estabilidade econômica (46%) e “ter democracia” (45%). Já a “possibilidade de consumo” aparece no último lugar dessa lista.

JUVENTUDE TRABALHADORA

Grande parte dos jovens faz parte da População Economicamente Ativa (PEA): 74%, sendo que 53% trabalha e 21% procura trabalho. Conciliam escola e trabalho 14% dos jovens e 8% procura trabalho enquanto estuda. Mas essa relação varia muito de acordo com a idade: entre os adolescentes de 15 a 17 anos, 85% está estudando e 55% trabalhando ou procurando trabalho, já quem tem entre 25 e 29 anos, 86% está na PEA, enquanto apenas 14% estuda.

VIOLÊNCIA

Pelo que eles disseram, o que mais preocupa os jovens hoje em dia é a violência. Somando as respostas, essa questão foi citada por 43% deles. Em segundo lugar vem a questão do emprego ou profissão (34%) e em terceiro as questões de saúde (26%) e educação (23%). E a justificativa dessa preocupação vem logo em seguida: metade deles já perdeu uma pessoa próxima de forma violenta: por acidente de carro ou por homicídio. As perdas por homicídio – geralmente amigos, irmãos, primos ou tios – chegam a 25% dos jovens.

POLÍTICA: É POSSÍVEL MUDAR O MUNDO

Mais ou menos nove em cada dez entrevistados disseram que os jovens podem mudar o mundo. Para sete em cada dez, eles podem mudar o mundo sim e muito. E para mudar as coisas no Brasil, “a participação e mobilização nas ruas e ações diretas” são a opção que os jovens mais falaram (45%). Depois disso vem a “atuação em associações ou coletivos que se organizam por alguma causa” (44%), a “atuação em conselhos, conferências, audiências públicas ou outros canais de participação desse tipo” (35%), a “atuação pela Internet” (34%) e a “atuação em partidos políticos” (30%).

E por falar em participação política, seis em cada sete jovens disseram que participam, já participaram ou gostariam de participar de coletivos e movimentos sociais. Além disso, 55% dos jovens disse que tirou o título de eleitor antes da idade obrigatória (18 anos) e de outros 10% falaram que vão tirar antes de chegar nessa idade também.

A VIDA VAI MELHORAR

Em relação à geração de seus pais, 36% dos jovens falaram que sua vida hoje é melhor e só 8% disse que piorou. 56% não perceberam nenhuma mudança. Do total, 94% acredita que sua vida vai melhorar, enquanto apenas 1% acha que vai piorar e outros 4% acham que não vai mudar nada. E o que eles acham que é importante nos dias de hoje? A família (75%) para a vida que levam atualmente, o esforço pessoal (68%) para melhorar de vida e as políticas do governo (47%) para garantir seus direitos.