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Estudo mostra qual é o sonho brasileiro da política pelo ponto de vista da juventude.

Mais um projeto bacanérrimo da Box1824 acabou de sair do forno: Sonho Brasileiro da Política. Já fizemos um post sobre ele por aqui, quando o pessoal da Box estava recrutando participantes para esse trabalho, e voltamos agora para mostrar a vocês quais foram os resultados. Quem quiser fazer download da pesquisa completa, só precisa clicar aqui.

Bom, antes de tudo, vamos contextualizar. O Sonho Brasileiro da Política é uma espécie de continuação do estudo Sonho Brasileiro, realizado em 2011 pela equipe da Box1824 com o objetivo de traçar um perfil do jovem brasileiro para conseguir, de certa forma, delinear a perspectiva de futuro dessa geração.

Agora, com o Sonho Brasileiro da Política, a proposta foi voltar a campo para pesquisar as novas formas de participação política que os jovens têm colocado em prática, principalmente depois das manifestações que mobilizaram o Brasil inteiro em junho de 2013.

Para conseguir isso, eles mapearam, em profundidade, as motivações, os valores, as visões e as iniciativas que direcionam a participação e o engajamento dos jovens na transformação da política do Brasil. O intuito é mostrar as novas mentalidades e formas de participação que já estão acontecendo, estimulando a sociedade, principalmente o jovem, a entender e a se relacionar com a política de um jeito diferente.

Entre muitas outras possibilidades a que esse estudo chegou, ficou claro que, para os jovens, é indispensável e urgente aumentar a transparência para participar mais, o diálogo com a política institucional, o empreendedorismo político, a mobilização cívica, a ocupação do espaço público, as ferramentas digitais, o ativismo da profissão e a parceria público/popular/privado. Resumindo: as células democráticas são o sonho brasileiro da política para a juventude e reflexo de uma nova organização em rede que não se sente representada por partidos políticos.

Lembrando que esse é um projeto sem fins lucrativos. Ou seja, ninguém tem o objetivo de ganhar dinheiro com ele. Todo o trabalho foi bancado com o apoio financeiro de diversos cidadãos brasileiros e também por meio de parcerias estratégicas que ofereceram apoio para a produção e execução da pesquisa. Além disso, eles são suprapartidários e isso quer dizer que esse estudo está acima de qualquer ideologia ou questão partidária.

PÚBLICO ALVO

Mais de 36 milhões de jovens brasileiros das classes ABC têm entre 18 e 32 anos hoje. Além disso, essa foi a faixa etária escolhida para o estudo porque contempla tanto os jovens recém saídos do ensino médio, como aqueles que já se formaram e, por isso, possuem experiência profissional e caminhos concretos que apontam aprendizados importantes para esse tema.

OBJETIVO

Na verdade, esse trabalho tem vários objetivos. Entre eles: influenciar a agenda política brasileira, promover uma ressignificação da consciência política, contribuir para a discussão do tema no país, trazer novos elementos para as discussões, colocar o jovem como protagonista de novas maneiras de pensar e fazer política, possibilitar que outras pessoas possam se engajar, tirar o estigma do termo “política” e, com tudo isso, contribuir com o processo democrático no Brasil.

Então, vamos a alguns detalhes, números e porcentagens, pra você visualizar melhor.

METODOLOGIAS

1) Pesquisa qualitativa: 20 grupos de pesquisa com jovens de 18-24/25-32 anos em 7 cidades brasileiras. (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo)
2) 40 entrevistas/vivências etnográficas nas sete cidades, focadas nos projetos dos jovens.
3) Pesquisa quantitativa com 1.128 jovens de 18-32 anos em todo o Brasil (classes ABC).

FASE QUALITATIVA

A fase quantitativa da pesquisa foi desenvolvida com os seguintes objetivos:

– Conhecer iniciativas, projetos e jovens que apontem novos caminhos para a política;
– Compreender o impacto das manifestações de junho de 2013 na percepção do jovem;
– Entender suas motivações, frustrações e sonhos em relação à política;
– Identificar novos comportamentos individuais e coletivos, além das características dos jovens que estão participando da transformação política do Brasil: valores, crenças e novos formas de participação.

FASE QUANTITATIVA

Os dados do estudo foram ponderados para representar o perfil sócio demográfico do Brasil.

– 1128 Entrevistados Classes ABC
– 877 Online
– 251 Offline (booster com pessoas que não acessam internet)

PERFIL GERAL DOS ENTREVISTADOS

– Faixa Etária: a distribuição etária está mais concentrada na faixa etária de 25 a 32 anos (58%).
– Gênero: os percentuais são muito semelhantes (51% mulheres X 49%homens).
– Classe Social: preponderaram as pessoas de classe C (57% das respostas obtidas).
– Estados: São Paulo (24%), Minas Gerais (11%) e Rio de Janeiro (10%).
– Onde Mora: Cerca de 49% dos entrevistadas moram na capital e 51% nas regiões metropolitanas e interior.
– Chefe da família: Em torno de 2/3 dos respondentes não é o chefe da família.
– Filhos: a maioria dos entrevistados informou não possuir filhos (66%).
– Ocupação: 72% trabalham, sendo que mais da metade trabalha em período integral (53%).
– Serviços públicos: 77% disseram que o transporte público é o que usam com mais freqüência.
– Serviços sociais: 64% disseram que usam ou já usaram algum.
– Internet: 72% utilizam para ler notícias e saber o que está acontecendo.
– Orientação sexual: 90% são heterossexuais.
– Religião: 42% são católicos.

RESULTADOS

SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO DE 2013

– 77% participaram das manifestações porque estavam insatisfeitos com a política atual.
– 49% afirmam que as manifestações mostraram o poder de mobilização dos jovens por meio da internet.
– 48% afirmam que as manifestações mostraram que o jovem não se sente representado pelos políticos atuais.
– 45% afirmam que as manifestações incentivaram as pessoas a reivindicar mais seus direitos.

COMO O JOVEM PENSA, AGE E SE RELACIONA COM A POLÍTICA?

– 65% consideram fiscalizar o poder público uma expressão política.
– 62% fazem política no dia a dia exercendo sua parte como cidadão.
– 45% se aproximariam da política se o processo político fosse mais transparente e confiável.
– 33% não participam da política porque não acreditam na política partidária, no sistema como é hoje.
– 65% gostariam de aprender sobre política na escola.
– 45% afirmam que eles mesmos são responsáveis pelas mudanças na sociedade.

ATITUDES DOS JOVENS EM RELAÇÃO À POLÍTICA

39% – Alheios: Vivem à parte da política, dedicados às suas batalhas pessoais.
28% – Críticos: Informados, com posicionamento crítico, mas não agem.
17% – À deriva: Aberto à política, tem uma visão positiva, mas é passivo.
16% – Agentes e Hackers da política: Alto engajamento e prática cotidiana.

CAUSAS COM AS QUAIS OS JOVENS PESQUISADOS SIMPATIZAM E ATUAM

Inclusão/Igualdade Social – 90%
Ambiental – 88%
Cultura de Paz – 87%
Internet Livre – 84%
Igualdade Étnica – 82%